Presidente da Fitraene destaca “as pedras do caminho” das negociações e defende a Federação como espaço estratégico para a “inteligência coletiva”

Na sétima edição do “Bate-papo com as filiadas”, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee conversou com o presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Nordeste – Fitraene, Wallace Melo Barbosa.

No bate-papo, Wallace destacou a dificuldade de que na educação privada superior, a grande maioria ainda não terminou as negociações por vários motivos:  em alguns estados a negociação se dá por instituição. “O sindicato negocia com o grupo Estácio, depois com o grupo Kroton e assim por diante. Outros estados além de negociarem com as faculdades, negociam com o sindicato do ensino superior do estado”.

Já na educação básica, a grande luta, principalmente após a reforma trabalhista e o fim da ultratividade das cláusulas nos acordos e convenções coletivas, é a manutenção da convenção: “Isso já é um mantra nos movimentos sindicais. Primeiro garante a atualização da convenção coletiva, depois outras reivindicações são postas na mesa”.

“São muitas as pedras do caminho”, diz Wallace, no entanto, destaca que a maior dificuldade é obter o ganho real acima da inflação: ”a presença massiva de grupos nacionais e internacionais comprando escolas grandes e tradicionais da região nordeste, torna as negociações mais complexas e impessoais. O que antes começava num senso comum de estabelecermos o INPC, com a presença desses grupos começamos em zero. Felizmente algumas entidades saíram com esse ganho, outras ganharam a reposição do INPC, depois de muito enfrentamento”.

Outra dificuldade, apontada por Wallace, é a homologação nos sindicatos, uma vez que a reforma trabalhista de 2017 retirou essa obrigatoriedade e defendeu que “em alguns estados, nós enquanto federação, defendemos que a homologação seja no sindicato”.

Além disso, o dirigente destacou “o ataque patronal em relação às taxas assistenciais, o incentivo às cartas de oposição para diminuir a receita da entidade”.

A FEDERAÇÃO COMO ESPAÇO ESTRATÉGICO

Vale dizer que a federação é um instrumento muito importante para fazer uma boa análise dos movimentos econômicos na educação, sobretudo no Nordeste, principalmente com a chegada dos grandes grupos empresariais que estão dominando o segmento educacional.

Wallace destaca a prioridade da Fitraene em contratar um economista para poder nos auxiliar nessas discussões, pois acredita que as negociações serão mais pesadas e defende que “a federação é estratégica nisso, pretende ajudar com a inteligência coletiva, no intuito de compreender melhor esse mundo do trabalho na educação, no setor privado que está se cristalizando no Brasil. Isso vai contribuir até mesmo para unificar bandeiras”.

SOBRE A FITRAENE

A Fitraene foi refundada no dia 23 de abril de 2024, após intensa jornada para driblar as burocracias e as dificuldades impostas pelos governos Temer e Bolsonaro. A federação agrega cerca de 20 mil filiados (as) e é composta pelos seguintes sindicatos: o Sindicato dos Professores no Estado de Pernambuco – SINPRO-PE, o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Maceió – Sintep-AL, o Sindicato dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Pernambuco – Sinteepe-PE, o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino da Rede Particular do Maranhão – Sinterp-MA e o Sindicato dos Professores e dos Auxiliares de Administração Escolar do Estado do Piauí-PI – Sinpro-PI.

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