Mensalmente o Dieese estima o valor que o salário mínimo deveria ter para cumprir as funções básicas previstas na Constituição, garantindo o sustento de uma família com quatro integrantes. No mês de julho este valor seria equivalente a R$ 6388,55, ou seja, mais de cinco vezes superior ao valor fixado pelo governo Bolsonaro, de R$ 1212,00. Quem ganha o mínimo tem de fazer muita ginástica para sobreviver, muitos vivem ao relento, morando na rua, e não conseguem fazer três refeições por dia.
Em julho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 120 horas e 37 minutos, menor do que o registrado em junho, de 121 horas e 26 minutos. Em julho de 2021, a jornada necessária ficou em 113 horas e 19 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em julho de 2022, 59,27% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, um sensível retrocesso em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o percentual ficou em 55,68%. O tempo médio de trabalho necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 120 horas e 37 minutos.
Desde o golpe de Estado de 2016, que em sua essência foi um golpe do capital contra o trabalho, o salário mínimo deixou de ter aumento real e, ao invés disto, vem sendo arrochado, sobretudo no governo Bolsonaro, que pôs fim à política de valorização do salário mínimo criada no governo Lula e conduziu a economia para a chamada estagflação.
Com a inflação na casa dos dois dígitos o arrocho dos salários é sentido diariamente pela classe trabalhadora com a erosão do poder de compra da moeda brasileira, o real. O patronato, que sempre teve horror a aumentos de salários, aproveita a inflação para lucrar ainda mais explorando quem depende de salário.