Por Marcos Aurélio Ruy, no portal da CTB
Esta quarta-feira (4) marca os 50 anos do assassinato do líder da luta antirracista Martin Luther King. Morto prematuramente aos 39 anos de idade, o pastor da igreja Batista liderou movimentos pelos direitos civis dos negros norte-americanos num tempo em que eles não podiam nem sentar nos ônibus se houvesse brancos em pé.
“Se os seres humanos negros sofrem discriminações e violência por esse mundo afora, a situação seria ainda muito pior se não tivesse existido a luta de Martin Luther King contra a violência racial nos Estados Unidos”, diz Mônica Custódio, secretária de igualdade Racial da CTB.
“Ele levou adiante lutas memoráveis pelos direitos humanos e civis de seu povo”, complementa. “Foi um homem à frente de seu tempo. Tinha um entendimento prático do quais deveriam ser as condições de vida e trabalho de uma população que buscava igualdade de oportunidade”.
Luther King nasceu em Atlanta, em 15 de janeiro de 1929. Começou sua atuação como pastor protestante, mas com sua poderosa oratória se transformou num dos principais líderes pelos direitos civis das negras e negros norte-americanos.
Defendia as ações do seu povo através de manifestações pacíficas. Sempre denunciando a opressão racista e buscando os direitos iguais. A sua campanha pela não violência e pelo amor ao próximo atingiu o movimento antirracista no mundo todo e a sua influência é sentida ainda hoje, 50 anos após a sua bárbara morte.
Começou liderando o boicote aos ônibus de Montgomery, no Alabama, Estados Unidos, em 1955 porque a costureira Rosa Parks foi presa por se recusar a ceder seu lugar a um branco como a lei racista determinava. Ela se transformou num símbolo antissegregacionista e King o grande líder dessa luta.
A campanha de King foi evoluindo e conquistando corações e mentes. Foi na Marcha sobre Washington em 1963 que proferiu o seu mais famoso discurso: “Eu tenho um sonho”.
“Eu vi a terra prometida. Talvez não vá até lá com vocês, mas esta noite quero que vocês saibam que nós, como povo, chegaremos à terra prometida”, profetizou o ativista mundial contra o racismo em trecho do discurso.
Em 1964, King receberia o Prêmio Nobel da Paz pelo combate à desigualdade racial através da não violência. O seu pacifismo, o levou a questionar a participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã (1955-1975).
Principalmente porque o seu país enviava para a guerra soldados pobres e negros e despreparados, muitos morriam. No seu discurso "Além do Vietnã", de 1967, ele cutuca a hipocrisia norte-americana.
“Estou convencido de que para nos colocarmos do lado certo da revolução mundial, nós, como nação, devemos passar por uma revolução radical de valores. Precisamos agir rapidamente — é preciso urgentemente iniciar a transição de uma sociedade orientada por coisas a uma sociedade orientada por pessoas”, disse King.
“Com os tiros absurdos disparados contra ele, pensaram em calar a voz de Martin Luther King, mas cada vez mais a sua voz ecoa em todos os cantos do mundo e a sua luta por igualdade prolifera em milhares de vozes que pedem paz e segurança para a juventude negra, pobre e da periferia”, conclui Custódio.
Em trecho do discurso “Eu tenho um sonho” King afirma ter “um sonho de que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: ‘Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais’". O mundo pede isso.