Via G1
Uma das principais medidas de prevenção ao coronavírus indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é lavar as mãos com água e sabão. O sabão, por ser uma substância que quebra a gordura, consegue destruir o envelope viral – parte externa do vírus composta justamente por gordura, matando esses organismos.
Flavio Fonseca, virologista e integrante do centro de pesquisa em vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) explicou ao G1 que o sabão tem duas formas de ação que fragilizam e matam esses organismos.
Fonseca explica que o vírus, quando está na mão de uma pessoa, fica protegido por outros produtos biológicos, como resto de células. Esses produtos biológicos tornam possível que o vírus viva mais tempo fora do corpo.
"Um vírus sozinho, em água, por exemplo, sobrevive muito pouco tempo. Então o sabão age destruindo esses materiais biológicos e expondo o vírus. Quando ele faz isso, o vírus perde essa proteção de material biológico que fica naturalmente nessas gotículas de saliva e ele fica exposto aos raios ultravioleta do sol, por exemplo, e pode ser destruído rapidamente" – Flavio Fonseca, virologista da UFMG
Fonseca diz que o sabão tem uma segunda forma de agir sobre o vírus. "O sabão é emulsificante, ele desmancha a gordura". O virologista explica que a parte mais externa do coronavírus é uma camada de gordura e o sabão desmancha essa camada e mata o vírus.
"Nessa camada de gordura, que a gente chama de envelope viral, estão inseridas as proteínas que são responsáveis pela ligação do vírus às células. Sem essa camada de gordura, essas proteínas são perdidas e o vírus não consegue entrar nas células" – Flavio Fonseca, virologista e integrante do centro de pesquisa em Vacinas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
Vasco Azevedo, professor titular do departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG, afirma que o sabão causa instabilidade e atrapalha a sobrevivência tanto dos vírus como das bactérias. "O álcool 70% tem o mesmo efeito, ele também destabiliza e desidrata tanto as proteínas como os lipídios (gorduras). O álcool é um bom complemento para a higienização", explica Azevedo.
O Conselho Federal de Química (CFQ) explica que o uso de água e sabão e do álcool gel na higienização das mãos ajudam na prevenção ao contágio de doenças por serem antissépticos – agem inibindo a proliferação de microrganismos na pele. "Sabões e detergentes de um modo geral, graças às suas propriedades químicas, removem a maior parte da flora microbiana na superfície da pele" explicou o CFQ.
"Eles são compostos de moléculas que apresentam em sua estrutura uma parte apolar e outra polar. A parte apolar, lipofílica – (que dissolve gorduras), é quimicamente atraída pelas moléculas apolares dos lipídios (gorduras) constituintes da membrana celular dos microrganismos. Simultaneamente, a parte polar interage com as moléculas de água (que também é polar). Essas interações simultâneas fazem com que os microrganismos sejam envolvidos pelo sabão, retirados da pele e levados embora com a água." nota do Conselho Federal de Química
Júlio César Borges, professor titular do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), explica explica que alguns vírus tem lipídios (gorduras) que são similares as do sabão, com isso, ao lavar as mãos com água e sabão, as partículas semelhantes se juntam, eliminando o vírus. "Se você desmonta a estrutura, o vírus perde a ação", diz Borges.
"É importante lavar as mão para evitar qualquer tipo de infecção, é uma questão de assepsia, para evitar doenças de forma geral" – Júlio César Borges – professor titular do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).