V Congresso unifica CTB/CGTB, reelege Adilson presidente e convoca “Fora Bolsonaro!”

Por Carlos Alberto Pereira e Mariana Moura

Com a participação de 3 mil delegados de todo o país, o Congresso Wagner Gomes da CTB, depois de discutir o plano de lutas em que decidiu como palavra de ordem principal “Fora Bolsonaro”, entrou em seu terceiro e decisivo dia. Foi consagrada a unificação, pela primeira vez no país, de duas centrais sindicais: CTB e CGTB. Adilson Araújo, bancário da Bahia, foi reeleito presidente; Ronaldo Leite do Rio de Janeiro, dos Correios, é o novo secretário-geral; Bira, até então presidente da CGTB, foi eleito vice-presidente. Com 73 integrantes, a Executiva Nacional tem 38 mulheres.

Para Nivaldo Santana, secretário de relações internacionais da CTB, com a unificação “a CTB adquire musculatura e se torna uma central muito mais representativa. Estará mais capacitada e qualificada para exercer um grande protagonismo político, para fortalecer a unidade das centrais e a unidade de amplos setores políticos e sociais que não querem continuar sob o julgo do governo de extrema-direita do Bolsonaro”. E concluiu: “Nós precisamos de um governo de reconstrução nacional, que retome um projeto nacional de desenvolvimento, com valorização do trabalho e geração de emprego e direitos, mas a deliberação essencial desse V Congresso é unificação da CTB com a CGTB”.

Para Adilson Araújo, “o Brasil, que alcançou o patamar chinês nas décadas de 30 a 80, foi muito motivado pela coragem e pela ambição de Getúlio Vargas. Getúlio planificou a base para o nacional-desenvolvimentismo”. Adilson afirmou que “está nítida a opção desse presidente (Bolsonaro) para transformar, em pleno século XXI, a nossa classe trabalhadora, em uma classe trabalhadora escravizada, subordinada à uberização do trabalho, com trabalho precário, degradante”. E indignado, declarou: “O diabo dessa PEC 32 é para acabar com a assistência social, com seguro social para saúde. É para aniquilar a educação pública, é para acabar com o serviço público. E o que seria da nossa nação sem o serviço público?”. Adilson convocou a classe trabalhadora a uma nova conferência nacional (Conclat) para atualizarmos a agenda política. Nós precisamos apresentar um programa de restauração do país, porque está muito claro que esse sistema capitalista excludente e marginal não apresenta nenhuma perspectiva de melhora”.

Bira, presidente da CGTB, fez um discurso que emocionou os presentes: “Nós nascemos como uma central anti-imperialista, nacionalista e que defendeu, e defende até hoje, o legado do saudoso presidente Getúlio Vargas. Vamos lembrar daquele momento importante que ele saiu da vida para entrar na história. Aplicou uma política nacional de desenvolvimento baseada nas próprias forças brasileiras, com investimento público, investimento em ciência e tecnologia e ajudando o povo brasileiro com seus direitos, com suas aposentadorias. Tentaram dar um golpe. Getúlio saiu da vida para entrar na história e impediu que esse golpe fosse concretizado”. Para ele, “a nossa Pátria está numa situação trágica. A fome está entrando na casa de cada um desses companheiros, está entrando pesado. Uma criança com fome é uma tristeza desgraçada. Um trabalhador chegar em casa, o filho pedir um pão e ele não ter nada para dar, é de cortar o coração. Vamos unificar todos aqueles sendo contra o Bolsonaro. A nossa CTB, sob o comando do nosso companheiro Adilson, vai nos levar a um Brasil livre e soberano. O Brasil vai ser democrático e nós vamos chegar na sociedade mais justa que é o socialismo, com plena independência econômica. Não tem socialismo sem independência nacional”.

FORA BOLSONARO

Maria Pimentel, até então relações internacionais da CGTB, durante os debates afirmou: “estamos unificando duas centrais que nasceram juntas na resistência à ditadura, na defesa da unicidade sindical na criação da CGT, presidida pelo saudoso Joaquinzão. Estava ainda nessa luta nosso querido companheiro Wagner Gomes, e nosso querido companheiro Lindolfo, que não pôde comparecer a esse Congresso, por motivos de saúde. O movimento sindical hoje resiste como pode. Bolsonaro acaba de aumentar o preço do gás e dos combustíveis para distribuir mais dividendos para os estrangeiros. Enquanto isso, a inflação dos alimentos dispara aceleradamente”.

“Demos o primeiro passo e, como segundo, devíamos avançar na unidade de ação dos que defendem a unicidade sindical e se dispõem a discutir um projeto de reorganização sindical e de recuperação dos direitos garantidos que foram consagrados pela Constituição de 88”, afirmou.

Carlos Mulle, presidente da CONTTMAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviários e Aéreos), destacou que “a unicidade sindical é um princípio que nos une na central. Essa riqueza de diversidade de visões possibilita a nossa atuação conjunta, independente de sermos marítimos, rurais, socialistas ou comunistas. Em momentos adversos, é com sindicatos, federações e confederações de bases fortes e representativas que teremos chances efetivas de organizar a luta coletiva. Em tempos difíceis temos que organizar a resistência. Não devemos abrir mão das conquistas sociais alcançadas com árduas lutas ao longo do tempo, que não começaram conosco, e que temos por vocação lutar para que não terminem com a nossa geração”.

ALAGOAS

Em congresso estadual, Alagoas celebra unificação da CTB e CGTB

Em processo ao V Congresso Nacional, convocado para os dias 12 a 14 de agosto, a CTB Alagoas iniciou no dia 5 de agosto, a temporada de congressos estaduais, priorizando o debate da luta por vacina, emprego e auxílio emergencial de R$ 600,00 e, destacadamente, a campanha Fora Bolsonaro.

Além das pautas que levantam preocupação com o momento delicado e complexo da conjuntura nacional, o congresso tem seu marco histórico pela unificação com a CGTB, concordando com um programa de luta em defesa de um novo projeto de desenvolvimento fundado na valorização do trabalho, soberania e democracia.

“Esse processo unificou as lutas de duas grandes Centrais Sindicais de Alagoas, a CGTB-AL entregou seu patrimônio de luta em defesa dos trabalhadores à CTB que agora terá a missão de dar continuidade a essa luta”, declara Maurício Sarmento, ex-presidente da CGTB-AL e eleito Secretário Geral da CTB-AL. “Viva a Luta dos trabalhadores viva a unificação CGTB”, celebra o sindicalista.

“Abre-se um novo tempo para a CTB”, afirmou Sinval Costa, que foi reconduzido ao seu terceiro mandato na presidência da CTB Alagoas. “Foi um processo muito tranquilo, de muita maturidade, entendendo a prioridade da unidade do movimento sindical e da luta dos trabalhadores no momento atual”, afirma o sindicalista. Para ele “a unidade da classe trabalhadora é fundamental e as duas centrais estão mostrando o caminho com o processo de unificação”.

Além da renovação da direção, foram eleitos também 08 delegados para o congresso nacional.

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