Mobilização e Resistência: Palavras de Ordem do XX Consind da Contee, que lança Manifesto contra a indicação para o MEC

Texto de Mariana Moura com informações das agências / Foto: Divulgação Contee e Treemidia

Conjuntura, organização sindical, sustentação financeira, unidade, mobilização e estrutura educacional foram os temas centrais nos debates do XX Consind, ocorrido em Brasília na última semana (22,23 e 24 de novembro).

“A Contee é um dos principais instrumentos que temos para as batalhas que se avizinham”, afirmou Gilson Reis, Coordenador Geral da Contee, ao abrir os trabalhos do encontro do Conselho Sindical.

Presente do encontro, Adilson Araújo, presidente da CTB, reafirmou o compromisso da entidade com a “restauração da política neoliberal e a destruição da legislação trabalhista” e que “o movimento sindical terá que se reconstruir com novas bases para dar as respostas necessárias aos desafios que se apresentam”.

O ex-ministro e fundador do PT, José Dirceu, que lançou recentemente seu livro de memórias disse que “a primeira fortaleza que Bolsonaro vai tentar tomar é a educação e cultura, mas a resistência será grande, pois mesmo na elite há resistência às suas intenções nessa área. Também na política externa e ideológica não há acordo entre a elite, e a política externa reflete a política interna. Daí os desencontros dentro da própria equipe de governo, as declarações desastrosas e os recuos”.

Dirceu afirmou que “sempre que impera a democracia no Brasil, a elite perde, por isso apela para os golpes”. Mas que enfim, levava para o Consind uma mensagem de “esperança” acreditando na superação e forma do povo brasileiro.

Deliberações

Após os momentos das discussões durante os dois primeiros dias de trabalhos do Consind, ficou deliberado que o X Congresso Nacional da Contee, Conatee, será realizado em 2019, em data ainda a ser definida e que tratará da conjuntura política, os desafios financeiros, a estrutura educacional e questões organizativas, inclusive reforma estatutária.

“A educação e a cultura serão muito atacadas no próximo governo e por isso devemos levar ao Fórum Nacional em Defesa da Educação (FNDE) uma proposta de campanha e movimento nacional permanente em defesa desse tema. Vamos combater a Lei da Mordaça nos campos social, político e jurídico, inclusive em ações conjuntas com os governadores, prefeitos e parlamentares contrários a essa lei. Vamos também combater a reforma da previdência, que ataca direitos dos trabalhadores. A Contee deve participar da formação frente ampla nacional em defesa da democracia e contra o fascismo. No primeiro semestre, priorizaremos o acompanhamento das campanhas salarias da categoria. Continua na ordem do dia, igualmente, a nossa campanha Apagar o professor é apagar o futuro. No mais, a dinâmica da conjuntura vai nos colocar novos desafios e estaremos atentos a isso”, afirmou Gilson ao plenário, que aprovou essas prioridades.

Aprovou-se também o manifesto de repúdio à indicação do conservador Ricardo Vélez Rodrígues como ministro de Educação do governo Jair Bolsonaro. Leia a íntegra abaixo:

 

Manifesto contra a indicação de Ricardo Vélez Rodríguez para o MEC

Os/as professores/as e técnicos/as administrativos reunidos no XX Conselho Sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee, realizado, em Brasília, de 22 a 24 de novembro de 2018, manifestam seu repúdio à indicação de Ricardo Vélez Rodríguez para o Ministério da Educação e a entrega da pasta ao conservadorismo e reacionarismo obscurantista representada pelo professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.

Filósofo e professor universitário aposentado em uma instituição pública, o indicado de Bolsonaro parece, num contrassenso, desconhecer as duas coisas: a importância do pensamento livre e crítico — do qual a filosofia é símbolo há milênios — e o papel da educação na construção da cidadania, do qual a universidade pública é um exemplo. Pelo contrário, é o representante de um discurso perigoso e hidrófobo, que, entre outros absurdos, exalta o golpe de 1964, acusa o magistério de “doutrinação marxista” e vocifera contra uma suposta “ideologia de gênero”, opondo-se frontalmente à concepção de uma educação plural, reflexiva, inclusiva e voltada para o combate a todos os tipos de discriminação.

A indicação de Vélez Rodríguez é mais uma afronta ao magistério (cada vez mais atacado e perseguido, algo que se acentuou após as eleições) e aos defensores de uma educação democrática. Ao mesmo tempo, a escolha do novo ministro demonstra a necessidade e a urgência da luta em defesa de princípios que estão garantidos na Constituição: a livre manifestação do pensamento e a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, bem como a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber e o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.

Brasília, 24 de novembro de 2018.

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee

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